sábado, 20 de fevereiro de 2016

Estramônio

DATURA STRAMONIUM É ALUCINÓGENO

Datura stramonium inclui várias espécies de plantas venenosas da família Solanaceae que têm uma longa história de uso como alucinógenos. A espécie criou renome por seus efeitos desagradáveis e muitas vezes violento, especialmente Datura stramonium ou estramônio, tem causado várias mortes desde os anos 1990. O estramônio foi muito utilizados por herbalistas medievais e bruxas, e os efeitos tóxicos da planta foram relatados por Homero e Shakespeare. A planta provoca mudanças na consciência através do seu ingrediente ativo, bem como a atropina outros alcalóides alucinógenos, que impedem a quebra da acetilcolina no cérebro. Essencialmente, ela cria um estado de espírito semelhante ao sonho, ou psicose aguda, enquanto o usuário está acordado. Diferentemente da maioria dos alucinógenos, Datura stramonium produz efeitos posteriores remanescentes que podem durar até duas semanas após a intoxicação primária ter terminado. Enquanto envenenamentos foram relatados devido ao colapso cardiovascular, a maioria das mortes pelo uso do estramônio estão relacionadas a acidentes devido ao delírio.

Muitos dos chamados alucinógenos normalmente só causam efeitos visuais, mas o estramônio induz a um tipo de alucinação que o usuário não tem como dizer se é realidade ou ilusão. Embora a maioria dos efeitos da droga passam após 48 horas, foram presenciados casos onde o efeito permaneceu por dias e possivelmente por semanas.
A taquicardia e midríase (dilatação da pupila) também permaneceu por dois dias após a intoxicação. Uma vez que a meia-vida da atropina é de aproximadamente quatro horas, Datura stramonium é um alucinógeno incomum por causar sequelas remanescentes a longo prazo.
Os usuários também podem experimentar problemas de memória depois de tomar estramônio, incluindo amnésia. A atropina também se liga diretamente com as glândulas exócrinas, causando transpiração excessiva e boca seca que pode continuar por muitos dias.
Seu uso no Xamanismo

DATURA

Datura é um nome genérico que abrange várias várias espécies.
A mais conhecida é a Datura Stramonium. No Brasil é conhecida como Trombeteira, Lírio. No Perú é também conhecida como Floripôndio ou Tóe.
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É utilizada desde a antiguidade, citada até na obra de Homero "Odisséia" . Conta que Ulisses chegou à ilha habitada pela ninfa Circe, esta deu de beber à tripulação uma poção, para que os marujos pudessem esquecer de sua terra natal.
Na Idade Média, a Datura compunha várias poções e ungüentos de feiticeiras. Conta-se que a pasta de Datura que as bruxas medievais aplicavam um unguento de Datura em várias partes do corpo, incluindo a genitália e o ânus, para produzir a sensação de estarem voando em suas vassouras.
Lu Gomes e Roberto Navarro (Planeta) descrevem que a imagem da bruxa voando na vassoura é considerada o estereótipo de um tipo específico de feiticeira medieval que se utilizava principalmente da Datura Stramonium. Talvez por isso a planta tenha sido apelidada de "erva do demônio e cizania.
A datura também era usada por motivos religiosos pelos índios que habitavam o sudoeste dos EUA e México antes da chegada do colonizador branco.
Segundo Sangiradi Jr. ..."planta sagrada dos Zunis, índios da cultura pueblo, o estramônio (a'neglakya) pertence aos sacerdotes da chuva e aos chefes de certas fraternidades religiosas. Somente o xamã pode colher esta erva. Ingerida, leva ao estado de transe que permite ouvir as vozes dos pássaros, curar e adivinhar. Também é usada pelos médicos-feiticeiros como tópico, em ferimentos e contusões.
Schhultes diz que os índios do nordeste dos Estados Unidos fazem uso limitado, mas o estramônio é o principal ingrediente do Wysoccan, bebido pelos algonkins, leste dos Estados Unidos, antes de um rito de passagem, em que se processa a iniciação dos adolescentes.
Também utilizada por índios que habitavam o sudoeste dos EUA e México antes da chegada da colonização. Os componentes da planta são extremamente potentes e perigosos.

Don Juan, no livro "A Erva do Diabo" de Carlos Castañeda :

"-- A erva-do-diabo tem quatro cabeças; a raiz, a haste e as folhas, as flores e as sementes. Cada qual é diferente, e quem a tornar sua aliada tem de aprender a respeito delas nessa ordem. A cabeça mais importante está nas raízes. O poder da erva-do-diabo é conquistado por meio de suas raízes. A haste e as folhas são a cabeça que cura as moléstias; usada direito, essa cabeça é uma dádiva para a humanidade. A terceira cabeça fica nas flores, e é usada para tornar as pessoas malucas ou para fazê-las obedientes, ou para matá-las. O homem que tem a erva por aliada nunca absorve as flores, nem mesmo a haste e as folhas, a não ser no caso de ele mesmo estar doente; mas as raízes e as sementes são sempre absorvidas; especialmente as sementes, que são a quarta cabeça da erva-do-diabo e a mais poderosa das quatro".
A ingestão de sementes de datura eram parte de um rito de passagem feitos por jovens da tribo huichol. Eles retornam do delírio sem a memória de sua mãe, como se nascessem do nada, do vazio. As folhas secas de datura eram fumadas para combater os efeitos da asma.
O nome Datura, a sua denominação genérica, é a partir do Hindu Dhatura (dhat = a essência eterna (de Deus)), que foi derivada do sânscrito nome D'hastura.

SegundoSangirardi Jr

"...a intoxicação produzida pela droga tem dua fases opostas: a uma exaltada agitação segue-se o sono profundo e inquieto. Os sintomas são provocados por dois alcalóides do grupo tropano, que atua sobre os sistemas nervosos periférico e central. Esses dois alcalóides, dos quais a atropina é um composto racêmico, são: escopolamina (histocina), o principal e hiosciamina.

Floripondio - A Datura dos Andes

Datura arborea ( Brugmância arborea) Flores de corola branca, por vezes amarelada com 15 a 18 cm de comprimento.
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No preparo da bebida mágica, raspa-se a casca do tronco, que é espremida numa cabaça. A dose média é aproximadamente um copo comum (200ml), o suficiente para provocar as duas classicas etapas da embriaguez com esse tipo de substâncias : exaltação furiosa e depressão com sono comatoso.
Reinburg observou que, entre os zaparos, a issioma é reservada aos homens e constitui, quase sempre, uma bebida de prova para aspirantes de xamã.
Para os jivaros, a maikoa é beberagem dos guerreiros, que consultam os espíritos antes de partirem em expedição. Tem outros usos ainda como para o marido traído saber quem é o sedutor da esposa
Kastern menciona a grande festa do tsantsá, em que os guerreiros, na floresta, tomam uma bebedeira profética. Na grande festa em honra do tambor sagrado, os mais velhos tomam maikoa e no dia seguinte, interpretam os próprios sonhos.
Seja qual for o tipo de datura, quantidades excessivas ou uso prolongado podem levar a convulsões, coma, danos permanentes no cérebro. Os seus alcaloides são extremamente potentes e perigosos.
Lewin, descrevendo os sintomas físicos e psíquicos provocados pela datura, mostra a preponderância de violência insanidade e tendência de cometer desatinos."Mais graves, diz o toxicologista alemão, eram os efeitos provocados pelos fanáticos religiosos, os taumaturgos, os magos, os sacerdotes e charlatães que, ao longo das cerimônias cultuais, faziam que se  fosse aspirada a fumaça da planta atirada sobre um braseiro.
A titulo de curiosidade, diz Sangirardi Jr, vale mencionar que os negros escravos do Brasil preparavam o chamado amansa-senhor, com plantas tóxicas, entre as quais as raízes pulverizadas do estramônio. Servida pela mucama ou pelo pajem, misturada com alimentos líquidos, a planta levava a vitima à demência ou as portas da morte.
Entre nós o estramônio tem vários empregos na medicina popular, notadamente contra asma e coqueluche. Contra a asma fuma-se as folhas secas, que muitos compram nos herbanários, de onde a advertência de Hoehne:
"*As pessoas que as adquirem ignorando o modo de usar, preparam chás das mesmas e assim se envenenam.*"

Veja imagens da planta:
 

Fonte: http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1189634475It007


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