sábado, 2 de janeiro de 2016

Profetas curandeiros da região serrana de Santa Catarina

Três personagens marcaram profundamente os que enfrentaram as tropas da República na Guerra do Contestado (conflito ocorrido entre 1912 e 1916 na região serrana de Santa Catarina, envolvendo, de um lado, caboclos expulsos de suas terras, e de outro, o Exército nacional). Os monges João Maria de Agostinho, João Maria de Jesus e José Maria de Santo Agostinho percorriam os sertões do sul do Brasil desde o século XIX.

1º - Vindo da Itália para o Brasil em 1844, João Maria de Agostinho logo fixou residência em Sorocaba, no interior de São Paulo. Anos mais tarde, passou pelo Rio Grande do Sul, por Santa Catarina e pelo Paraná realizando curas valendo-se de fontes de água que o povo acabaria considerando santificadas. Adquiriu enorme fama entre a população que vivia próxima ao caminho das tropas, permanecendo na Região Sul até pelo menos 1870. Levava uma vida humilde e ascética, fazendo penitências, dirigindo orações e receitando ervas.
http://sonhooupsicose.blogspot.com.br/2016/01/o-primeiro-monge-joao-maria-1843-1852.html


2º - Entre 1895 e 1908, um segundo monge percorreria a mesma região. Como Agostinho, João Maria de Jesus logo ficou conhecido por causa de suas curas. 
http://sonhooupsicose.blogspot.com.br/2016/01/o-segundo-monge-joao-maria.html

3º - Um terceiro peregrino chegou à região de Campos Novos, Santa Catarina, em 1912. Miguel Lucena de Boaventura.
http://sonhooupsicose.blogspot.com.br/2016/01/o-terceiro-monge-joao-maria.html

Os ensinamentos desses peregrinos foram incorporados pela cultura cabocla e deram base à resistência ao projeto modernizador e capitalista que procurava se impor na região serrana de Santa Catarina. A propriedade privada da terra, o aproveitamento industrial da floresta e as restrições de acesso aos ervais nativos nada tinham a ver com a preservação da natureza, a lealdade nas relações sociais e o amor aos animais, valores pregados pelos monges e incorporados pelos caboclos. O avanço do trem de ferro, das serrarias e dos projetos de colonização confirmava as profecias dos monges de que o tempo de calamidades e guerras havia chegado. Mas, para os caboclos, esse tempo era também a possibilidade da remissão dos pecados e da instauração de uma nova ordem – a santa irmandade – oposta à modernidade capitalista. Os milhares de mortos da Guerra do Contestado são a prova de que os ensinamentos e as profecias dos monges tinham uma força muito grande, e que, para os seus seguidores, a história deveria ter seguido por outros caminhos.

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