sábado, 2 de janeiro de 2016

O segundo Monge João Maria

Seu verdadeiro nome era Anastás Marcaf, o qual chegou à cidade da lapa com as tropas de Gumercindo Saraiva, durante a Revolução Federalista, em 1894. Era de origem Drusa (Povos Drusos), devido ao tipo de chapéu; turbante que usava. 
Alguns textos relatam que era  ex-marinheiro cujo navio naufragou em frente a Buenos Aires e que, para pagar promessa, dedicou-se à peregrinação,teria vindo da Argentina, entrou no Brasil pela região missioneira gaúcha, já com mais de 50 anos, ficando conhecido como monge João Maria de Jesus.

Imitou o primeiro monge em tudo: no traje, no barrete, no modo de vida, dormia em grutas, etc. Era de índole pacífica e nunca fez mal a ninguém, nem procurou afastar qualquer pessoa do catolicismo, porém seguia sua própria orientação. 

Solicitado que foi numa ocasião a assistir uma missa, retrucou asperamente: “Minha reza vale tanto quanto uma missa” e não assistiu. 
Costumava conversar com as pessoas, mas não fazia ajuntamento de pessoas, indicava medicamentos, batizava as crianças e transmitia seus mandamentos, como, por exemplo: 
“Quem descasca a cintura das árvores para secá-las também vai encurtando sua vida. A árvore é quase bicho, e bicho é quase gente.” 
Ou ainda: “Quem não sabe ler o livro da natureza é analfabeto de Deus”.
Ficou conhecido por abençoar as fontes d´agua, 

Durante a Revolução Federalista (1893-1895), João Maria visitava acampamentos dos revoltosos e fazia críticas à República, anunciando calamidades e sofrimentos. Angelo Dourado, médico e coronel federalista, registrou um encontro com o monge, ocorrido em 1894:
“Quando proclamaram a república, ele anunciara por onde passara grandes calamidades e para preservarem-se dela plantassem cruzes nas portas. Que haviam de matar e roubar, porque todos estes teriam em si o diabo. Depois esses crimes trariam uma guerra cruel, sem quartel. Que animados pelo diabo teriam forças e dinheiro, mas que os outros venceriam mesmo sem armas”.
Ainda de acordo com São João Maria, esta nova guerra seria precedida de muitos “castigos de Deus”, como praga de gafanhotos, cobras ou chagas: “Vai vir um tempo onde haverá muito pasto, mas pouco rastro”.

Mandamentos das Leis da Natureza

2) É errado jogar palhas de feijão nas encruzilhadas. É o mesmo que comer e virar o cocho. A terra se ofende.
3) Ao cortar uma árvore ou pé de mato, não se deixa mamando. Se corta por inteiro. Enquanto as plantas agonizam, os negócios da gente também vão abaixo.
4) Quem descasca a cintura das árvores para secá-las, também vai encurtando sua vida. Árvore é quase bicho e bicho é quase gente.
5) As casas e as propriedades de quem incendeia as matas, um dia também hão de virar cinzas.
6) A terra é nossa mãe. A água é o sangue da terra-mãe. Cuspir e urinar na água é o mesmo que escarrar e urinar na boca de tua mãe.
7) O Pai da Vida é Deus. A Mãe da Vida é a terra. Quem judia da terra é o mesmo que estar judiando da própria mãe que o amamentou.
8) Quem não sabe ler o Livro da Natureza, é analfabeto de Deus.
9) As horas de chuva, são horas de Deus. É quando a Mãe Natureza vem trazer água para seus filhos na Terra.
10) O cavaleiro que passar perto de lagoa ou cruzar uma corrente de água e não der de beber ao animal, morrerá com a garganta seca.
11) Bicho do mato é filho da terra. Só se matam os danosos.
12) Bicho do mato não traz marca de gente. Pertence à Mãe Natureza. Quem caça por divertimento, caça o alheio. É criminoso. Será punido.
13) Não permita que seus filhos matem passarinhos. É malvadeza.
14) Não se chama nome feio à criação. Ela obedece ao instinto que é a linguagem da Mãe Natureza.
15) Quem encilha animal com “mata” no lombo… cuidado com as costas.
16) Não se tira leite, sem deixar um teto cheio ao terneiro.
17) Não se tira mel, sem deixar alguns favos para as abelhas.
18) Rogar pragas é chamar o diabo para si.
19) Quer morrer novo? Não respeite os velhos.
20) Cumpra a tua promessa. Palavra dada é sagrada. Quem não a cumpre, trocado por m…. é caro.
21) O velhaco(caloteiro) deve a Deus, mas paga ao diabo. Te livres de tal credor.
22) Do vadio, até o rastro é feio.
23) O ladrão é sócio do tinhoso. O roubo é repartido no inferno.
24) Da baba do capeta é cheia a boca do mentiroso.
25) A pobreza não é defeito: a sujeira sim!
26) Trata bem do teu hóspede para seres bem tratado.
27) Quem usa a arma da boa conduta, ama e obedece a Deus.
28) Respeita a família dos outros, para que respeitem a tua.
29) Não é preciso ser santo; mas é preciso ser respeitado.

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